Hoje me vi te olhando, não sei se notastes.
Percebi que muitas vezes olhamos, mas não vemos nosso próprio olhar.
E não há como realmente ver.
Por que ele está contaminado por nossos desejos, expectativas e frustrações.

Hoje me vi te escutando, não sei se percebestes.
Mas havia algo errado.
Por que um filtro automático se interpunha entre nós e ....
Seletivamente, só podia ouvir o que agradava e desagradava e....
Novamente, a função automática do cérebro lá estava,
A condicionar o visto e agora o ouvido.

Foi então que percebi que o objeto do olhar se tornou o visto,
O objeto do escutar transformou-se no ouvido.
Ambos os atos tinham um característica comum, o passado.
Apenas, memórias, lembranças ....

Assim, descobri que te olhava, mas não via,
Escutava-te, mas não ouvia.
Como poderia compreender-te?
Como poderias compreender-me?

Mergulhado nesse sentimento profundo,
Pensei.... indaguei ...  sobre  o fenômeno das relações.
Por que elas não se dão no nível do real, do momento?
Por que elas precisam do passado para acontecer?
Por que elas se alimentam das sombras e não da luz?